Um caso alarmante está a gerar revolta na província da Zambézia, após a divulgação de vídeos onde um homem, apresentado como curandeiro, aparece a agredir brutalmente mulheres idosas.
As imagens, partilhadas nas redes sociais, mostram uma senhora de idade avançada, com dificuldades visíveis de locomoção, a ser forçada a dançar antes de ser violentamente atacada. O agressor chega a colocar a cabeça da vítima entre as pernas e a aplicar sucessivos golpes nas suas costas, num ato que muitos descrevem como desumano.
De acordo com relatos da população de Mopeia, o indivíduo foi inicialmente convidado para ajudar no combate à propagação da lepra naquela comunidade. Contudo, em vez de cumprir esse propósito, passou a visitar residências, acusando idosas de praticarem feitiçaria.
Segundo testemunhas, após identificar as mulheres, o suposto curandeiro obriga as famílias a pagar valores que variam entre dois a sete mil meticais ou, em alternativa, a entregar produtos como arroz, feijão, galinhas ou até porcos, em troca da libertação das vítimas.
Outros vídeos que circulam confirmam a aplicação de diferentes formas de castigos físicos e psicológicos contra as idosas, frequentemente diante da presença de vizinhos e familiares. Em alguns casos, parte da população participa ou assiste passivamente, acreditando que tais práticas seriam a única forma de se protegerem da lepra.
As denúncias têm levantado fortes apelos para a intervenção urgente das autoridades locais e nacionais. Diversas vozes exigem que o caso seja investigado com rigor, que os responsáveis sejam responsabilizados criminalmente e que as vítimas recebam a devida proteção.
Organizações de direitos humanos também são chamadas a acompanhar o caso, uma vez que se trata de uma violação grave da dignidade e dos direitos das mulheres idosas, frequentemente vulneráveis e indefesas perante crenças enraizadas e práticas abusivas.
A situação expõe, mais uma vez, os desafios ligados ao peso de superstições em algumas comunidades, onde a associação entre doenças como a lepra e a feitiçaria ainda conduz a atos de violência e exclusão social.
Moradores mais conscientes, entretanto, pedem uma campanha urgente de esclarecimento e sensibilização, de modo a travar episódios semelhantes e promover a convivência pacífica, sem recurso a violência ou exploração.
As autoridades sanitárias e judiciais são agora instadas a agir não apenas para punir o agressor, mas também para reforçar medidas de proteção social, prevenindo que novas vítimas surjam em nome de crenças que põem em risco a vida e a dignidade de cidadãos indefesos.
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