Moradores do bairro Icidua, na cidade de Quelimane, protagonizaram um episódio de grande tensão na manhã deste domingo, culminando na destruição de um posto policial local.

Segundo relatos preliminares, o incidente surgiu na sequência de uma operação das autoridades contra o contrabando de combustível, prática recorrente naquela zona costeira da Zambézia.

As forças policiais haviam realizado uma incursão com o objetivo de travar o transporte e comércio ilegal de combustível, apreendendo diversas quantidades do produto armazenado em condições precárias.

No entanto, a ação não foi bem recebida por parte de alguns residentes, que acusaram a polícia de atuar com excesso de força e de não diferenciar pequenos revendedores dos grandes intermediários do esquema.

Testemunhas relatam que, em resposta à operação, um grupo de moradores decidiu avançar contra as instalações policiais de Icidua, incendiando partes da infraestrutura e provocando a destruição de material de trabalho.

Fontes locais afirmam que a situação gerou momentos de pânico, com famílias a abandonarem temporariamente as suas casas para evitar represálias ou confrontos diretos.

Apesar do clima de violência, até ao momento não foram confirmadas vítimas mortais. Contudo, há indicações de feridos ligeiros resultantes dos confrontos entre populares e agentes da ordem.

A Polícia da República de Moçambique (PRM) confirmou a ocorrência e garantiu que está a proceder à investigação para identificar os autores da destruição do posto.

Um porta-voz da corporação destacou que o contrabando de combustível representa um risco elevado para a segurança pública, dado o perigo de explosões e incêndios, além das perdas para a economia formal.

Por outro lado, líderes comunitários apelaram à calma e ao diálogo, pedindo que se encontrem soluções sustentáveis para a questão do desemprego e das atividades informais que alimentam este tipo de práticas.

Na cidade de Quelimane, o tema gera debates acesos. Há quem defenda a ação firme da polícia contra o comércio ilegal, mas também quem critique a falta de alternativas de subsistência para jovens e famílias que dependem dessas redes.

As autoridades provinciais ainda não emitiram um posicionamento oficial, mas espera-se que nas próximas horas seja divulgada uma nota sobre os passos a seguir para restaurar a ordem e reconstruir a unidade policial destruída.

Enquanto isso, a tensão permanece elevada em Icidua, onde patrulhas adicionais foram destacadas para evitar novos incidentes.

O caso insere-se num contexto mais amplo de conflitos frequentes entre populações e forças de segurança em diversas partes do país, quando operações de combate a atividades ilegais afetam diretamente a economia informal das comunidades.

A destruição do posto policial em Quelimane levanta, portanto, questões sobre a eficácia das estratégias de repressão e sobre a necessidade de políticas sociais complementares, que possam reduzir a dependência do contrabando como fonte de sustento.

👉 A situação permanece em evolução, com promessas de reforço de segurança e investigações em curso.