A partir do próximo ano, a gestão da coleta de resíduos sólidos na cidade da Beira, província de Sofala, passará a ser inteiramente administrada pelo próprio município, após a Empresa Nacional de Distribuição de Eletricidade (EDM) anunciar a rescisão do contrato que vinculava a cobrança da taxa de lixo à fatura de eletricidade.

O acordo, que vigorava há vários anos, permitia que os residentes da cidade pagassem a taxa de limpeza urbana juntamente com a sua conta de energia elétrica, facilitando a arrecadação e assegurando o financiamento regular da recolha de resíduos. Com o término deste contrato, a responsabilidade de organizar, fiscalizar e financiar a coleta de lixo ficará totalmente nas mãos da administração municipal.

Fontes da EDM indicaram que a decisão faz parte de uma estratégia de reestruturação da empresa, com foco na simplificação dos serviços e na separação das atividades comerciais e ambientais. A EDM reafirmou que continuará concentrada na distribuição de energia elétrica, mas não terá mais papel na cobrança de serviços complementares, como a taxa de lixo.

Segundo a edilidade da Beira, a mudança exigirá ajustes significativos no modelo de gestão do serviço de resíduos sólidos. Serão necessários novos mecanismos de cobrança direta aos cidadãos, além da implementação de sistemas de monitoramento para garantir que todos os domicílios contribuam de forma justa para a manutenção da limpeza urbana.

Para os moradores da cidade, a mudança significa que, a partir de 2026, ao adquirir energia elétrica através do sistema Credelec, não haverá mais a cobrança automática da taxa de lixo. O município, por seu turno, promete criar canais específicos para que os cidadãos efetuem o pagamento da taxa de forma transparente e acessível, evitando interrupções na coleta de resíduos.

Especialistas em gestão urbana destacam que, embora a decisão da EDM possa simplificar a estrutura de cobrança da empresa, representa um desafio para a municipalidade. A coleta de lixo é um serviço essencial, e sua eficiência depende da arrecadação regular de fundos, planejamento logístico adequado e fiscalização constante.

Em declarações à imprensa, o presidente do Conselho Municipal da Beira afirmou que a cidade está preparada para assumir integralmente a responsabilidade pelo serviço. “Estamos cientes do desafio, mas acreditamos que a autossuficiência na gestão da coleta de lixo permitirá maior controle, transparência e possibilidade de melhoria contínua do serviço”, destacou.

O município pretende lançar campanhas de sensibilização junto à população, explicando como será o novo sistema de pagamento e reforçando a importância de cada cidadão cumprir com sua contribuição. A meta é garantir que a cidade mantenha níveis adequados de limpeza e higiene, prevenindo problemas de saúde pública e promovendo um ambiente urbano mais agradável.

Analistas locais sugerem que a experiência da Beira pode servir de modelo para outras cidades do país, especialmente aquelas onde a cobrança de taxas ambientais está vinculada a serviços de utilidade pública. A separação da cobrança da taxa de lixo da fatura de energia elétrica é vista como uma oportunidade de modernizar a gestão municipal e tornar o processo mais transparente e eficiente.

Enquanto isso, a EDM garantiu que continuará a apoiar o município na transição, oferecendo informações técnicas e colaborando para que a implementação do novo sistema seja feita de forma organizada e sem prejuízo para os consumidores.

Moradores têm manifestado opiniões diversas sobre a mudança. Alguns celebram a possibilidade de não ver a taxa de lixo embutida na fatura de eletricidade, enquanto outros expressam preocupação com a logística e a fiscalização da cobrança direta pelo município.

O Executivo municipal, por sua vez, reafirma que medidas estão sendo tomadas para minimizar impactos negativos e assegurar que a população continue a receber o serviço de forma contínua e eficiente. Entre as ações previstas estão o reforço da frota de recolha de resíduos, contratação de pessoal adicional e instalação de pontos de pagamento em diferentes bairros da cidade.

A rescisão do contrato entra em vigor oficialmente em janeiro de 2026, marcando o início de uma nova fase na gestão de serviços urbanos na Beira. A expectativa é que a medida contribua para uma gestão mais transparente, aumente a responsabilidade da população e permita que o município adapte o serviço às necessidades reais da cidade.