🇲🇿 As autoridades moçambicanas realizaram uma importante operação contra o narcotráfico na província de Nampula, resultando na detenção de onze indivíduos — nove moçambicanos e dois tanzanianos — suspeitos de envolvimento no transporte e distribuição de substâncias proibidas. O grupo foi surpreendido no momento em que descarregava mais de 60 quilos de droga no posto administrativo de Lunga, distrito de Mossuril, uma zona costeira considerada estratégica para o tráfico.

De acordo com o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) em Nampula, os detidos estavam na posse de 60,93 quilogramas de entorpecentes, distribuídos em 53 embalagens cuidadosamente acondicionadas. O valor estimado da carga apreendida ultrapassa os 9 milhões de meticais, conforme revelou Enina Tsinine, porta-voz provincial do SERNIC.

As detenções ocorreram em flagrante delito, no exato momento em que os suspeitos descarregavam a mercadoria ilícita. A pronta intervenção das autoridades foi possível graças a denúncias anónimas e a um trabalho prévio de investigação e monitoramento. A operação demonstra a crescente vigilância das forças de segurança face ao aumento do tráfico de drogas nas regiões costeiras do país.

Tsinine explicou que cada uma das 53 embalagens seria comercializada no mercado ilegal por cerca de 170 mil meticais, o equivalente a aproximadamente 2298 euros. A droga, embora ainda sob análise laboratorial, é presumivelmente canábis processada, uma das mais traficadas na região norte de Moçambique.

Os onze indivíduos já se encontram sob custódia e serão encaminhados ao Ministério Público para as diligências legais subsequentes. O processo judicial poderá incluir acusações formais de tráfico de drogas, associação para delinquir e entrada ilegal de produtos proibidos em território nacional.

As autoridades acreditam que o grupo detido fazia parte de uma rede transnacional de tráfico de droga que opera entre Moçambique e Tanzânia, utilizando rotas marítimas e zonas de difícil acesso para escapar ao controlo fronteiriço. O distrito de Mossuril, com sua extensa linha costeira, tem sido apontado como uma das principais portas de entrada e saída de estupefacientes, o que obriga as autoridades a intensificar o patrulhamento marítimo.

A população local tem expressado preocupação face à recorrência de casos de tráfico na região, apelando ao reforço da segurança e à responsabilização exemplar dos infratores. “Queremos um distrito livre de droga e criminalidade”, disse um residente de Lunga, ao reagir à notícia da operação.

O SERNIC, por sua vez, reafirma o compromisso em continuar a lutar contra o narcotráfico e apela à colaboração da população, sublinhando que a denúncia anónima é uma das ferramentas mais eficazes na identificação de redes criminosas. Enina Tsinine aproveitou a ocasião para alertar que as consequências do tráfico de drogas são graves, não só a nível criminal, mas também no impacto social e de saúde pública.

Nos últimos anos, Moçambique tem sido utilizado como corredor para o tráfico internacional de drogas, devido à sua posição geográfica estratégica. Casos como o de Mossuril evidenciam a necessidade de estratégias mais robustas de combate ao crime organizado, incluindo cooperação regional e internacional.

A detenção dos dois cidadãos de nacionalidade tanzaniana também levanta a questão da coordenação entre os serviços de segurança dos países vizinhos. Especialistas defendem uma abordagem conjunta entre Moçambique, Tanzânia e outros Estados da África Austral, de forma a enfraquecer as redes que alimentam este comércio ilícito.

Enquanto o processo segue os seus trâmites legais, o caso está a gerar intenso debate público sobre a vulnerabilidade das fronteiras e a atuação das autoridades frente ao tráfico de drogas. A sociedade civil exige respostas firmes e soluções duradouras para conter o fenómeno, que ameaça a estabilidade e o bem-estar das comunidades locais.