Entre os dias 2 e 15 de Junho, as Forças de Defesa e Segurança (FDS) de Moçambique intensificaram as operações contra grupos armados que operam no norte do país, particularmente na província do Niassa. Segundo fontes militares, pelo menos doze insurgentes foram neutralizados durante este período em diferentes acções levadas a cabo pelas forças governamentais.

As operações decorreram em zonas consideradas críticas, marcadas pela presença de células ligadas a grupos extremistas que nos últimos anos têm vindo a expandir a sua influência na região norte de Moçambique. As autoridades indicam que a ofensiva teve como foco impedir o alastramento da violência a novas áreas e restabelecer a segurança das populações locais, muitas das quais têm sido forçadas a abandonar as suas casas.

De acordo com os relatórios militares, os confrontos ocorreram em pontos estratégicos do Niassa, onde os terroristas vinham tentando reorganizar-se após terem sido pressionados nas províncias vizinhas de Cabo Delgado e Nampula. As forças governamentais realizaram patrulhas terrestres e incursões surpresa em acampamentos suspeitos, tendo resultado na eliminação de combatentes hostis, apreensão de armamento ligeiro e destruição de bases temporárias.

Apesar do sucesso nas operações, o ambiente permanece tenso. A ameaça insurgente continua activa e adaptável. O grupo radical Estado Islâmico, através dos seus canais de propaganda, afirmou que durante o mesmo período conseguiu eliminar um membro das forças moçambicanas durante um dos embates. A reivindicação foi publicada por fontes ligadas à facção local do autoproclamado “Estado Islâmico na África Central” (ISCAP, na sigla em inglês), que tem estado envolvida em actos de violência na região desde 2017.

Embora a morte do combatente moçambicano ainda não tenha sido oficialmente confirmada pelas autoridades, a narrativa dos extremistas é frequentemente usada para manter o moral dos seus seguidores e projectar uma imagem de resistência perante as perdas sofridas.

Analistas de segurança têm vindo a alertar que a deslocação de grupos insurgentes de Cabo Delgado para Niassa constitui uma estratégia de sobrevivência e expansão territorial. O vasto território do Niassa, com áreas de difícil acesso, tem sido aproveitado pelos terroristas para montar esconderijos e redes logísticas.

As FDS prometeram manter a pressão sobre os insurgentes com operações contínuas de patrulhamento e reconhecimento, visando impedir a consolidação de novos focos de instabilidade na região. As autoridades locais, por sua vez, apelam à colaboração das comunidades para denunciarem movimentos suspeitos e apoiarem os esforços de restauração da ordem.

Os ataques insurgentes em Moçambique já causaram milhares de mortes e obrigaram mais de um milhão de pessoas a abandonar as suas zonas de origem, segundo dados das organizações humanitárias. A actual ofensiva no Niassa insere-se numa estratégia mais ampla do governo moçambicano para erradicar a presença terrorista em todo o norte do país.

Apesar dos avanços recentes, a luta contra o extremismo continua longe de terminar. O Estado moçambicano conta com o apoio de parceiros internacionais, incluindo tropas da Missão da SADC (SAMIM) e do Ruanda, para travar a expansão dos grupos radicais e restabelecer a normalidade nas regiões afectadas.

A comunidade internacional tem acompanhado com preocupação a evolução do conflito em Moçambique, temendo que a instabilidade na região possa criar um novo foco de terrorismo no continente africano. Enquanto isso, as populações afectadas continuam a viver entre o medo e a esperança de um regresso à paz duradoura.