Um novo escândalo envolvendo a Polícia da República de Moçambique (PRM) está a gerar indignação nas redes sociais e na opinião pública. Um agente da corporação é acusado de ter agredido fisicamente uma criança, em plena barraca de venda de bebidas alcoólicas, num episódio que levanta sérias questões sobre a conduta de certos membros da polícia fora do ambiente de serviço.
De acordo com testemunhas oculares e vídeos partilhados online, o incidente ocorreu durante o fim de semana, numa zona periférica ainda não identificada pelas autoridades. No vídeo, é possível ver claramente o agente, aparentemente fora de serviço e em trajes civis, envolvido numa discussão acalorada antes de partir para agressões contra um menor de idade, que não apresentava sinais de ameaça.
Populares no local tentaram intervir, mas foram intimidados pelo comportamento agressivo do agente, que usava linguagem imprópria e ameaçava qualquer um que se aproximasse. A vítima, visivelmente abalada, teve de ser socorrida por moradores e encaminhada a uma unidade sanitária para tratamento dos ferimentos ligeiros que sofreu.
O comportamento do agente foi rapidamente condenado por várias organizações da sociedade civil, que exigem responsabilização exemplar. “Estamos perante um acto gravíssimo, que não pode ser ignorado. A Polícia deve dar o exemplo e proteger os cidadãos, sobretudo os mais vulneráveis”, afirmou um representante de uma organização de defesa dos direitos da criança.
A PRM, por sua vez, confirmou que tomou conhecimento do caso e abriu um inquérito interno para apurar os factos. Em comunicado, a corporação assegura que “não compactua com comportamentos que violem os direitos humanos” e que o agente em causa poderá ser responsabilizado disciplinar e criminalmente, caso se confirmem as acusações.
Este incidente reacende o debate sobre a postura de alguns membros da PRM fora do horário de serviço. Muitos internautas e analistas questionam se há um controlo rigoroso sobre a conduta desses agentes e se estão a receber a formação adequada sobre direitos humanos, proteção de menores e ética profissional.
“É urgente uma reforma profunda dentro das fileiras da PRM. Não se pode continuar a permitir que indivíduos com comportamentos violentos e impulsivos usem o uniforme do Estado como escudo para abusos”, escreveu um comentador nas redes sociais.
O caso também levanta dúvidas sobre o ambiente em que ocorreu a agressão: uma barraca de venda de bebidas alcoólicas. Vários cidadãos mostraram-se preocupados com a presença de menores nesses locais, bem como com a frequência com que membros da polícia frequentam tais espaços em horários e circunstâncias questionáveis.
A vítima, cuja identidade está a ser preservada por questões de segurança e proteção legal, já recebeu apoio psicológico e está em casa sob cuidados familiares. A família pede justiça e responsabilização do agressor, sublinhando que o menor está traumatizado e teme sair à rua.
Entidades ligadas à proteção da criança apelam ao Ministério do Interior para que este caso sirva como exemplo na implementação de medidas de controlo e formação de agentes policiais. Pedem ainda a criação de uma linha de denúncia segura para casos de violência policial, especialmente envolvendo menores.
Enquanto isso, cresce a pressão sobre a PRM para que haja mais transparência nos processos de apuramento de responsabilidade e que sejam partilhados com o público os resultados do inquérito em curso.
Nas redes sociais, o vídeo continua a circular e a gerar revolta. Várias campanhas foram iniciadas exigindo a suspensão imediata do agente e a sua apresentação ao Ministério Público.
“Hoje foi esta criança, amanhã pode ser o nosso filho. A PRM tem de garantir a segurança dos cidadãos, não o contrário”, escreveu uma mãe indignada.
O episódio acontece numa altura em que o país debate o papel das forças de segurança na sociedade e a necessidade de restaurar a confiança entre a polícia e os cidadãos.
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