Um caso inusitado e controverso está a gerar debates em Inhambane. O professor Reginaldo, docente da disciplina de Inglês na Escola Secundária de Mavila, no distrito de Zavala, foi suspenso das suas funções pela direção da instituição. A razão alegada? O comprimento do seu cabelo.

Conhecido entre colegas e alunos pelo seu estilo característico, Reginaldo leciona há mais de uma década e, desde sempre, manteve os cabelos longos. No entanto, a administração escolar decidiu recentemente afastá-lo temporariamente, alegando que o visual do educador não se enquadra nos padrões considerados "adequados" pela instituição.

A decisão, contudo, está a ser fortemente contestada pela Associação Nacional dos Professores (ANAPRO), que considera a medida não só injusta, como também sem base legal. De acordo com a ANAPRO, nenhum ponto do regulamento da função pública ou das normas internas da escola obriga docentes a adotarem um determinado corte de cabelo. A associação argumenta ainda que o foco deve estar na competência profissional e não na aparência física.

O caso rapidamente se tornou viral, gerando reações intensas nas redes sociais. Enquanto uns defendem que os professores devem manter uma imagem que "inspire disciplina", outros sustentam que se trata de um ato discriminatório que fere direitos individuais e a liberdade de expressão.

Vários colegas de profissão manifestaram solidariedade a Reginaldo, descrevendo-o como um educador dedicado, pontual e com um histórico exemplar na sala de aula. Alunos também demonstraram apoio, afirmando que nunca viram qualquer problema na forma como o professor se apresenta, e que o seu visual não interfere na qualidade do ensino.

“Estamos diante de uma situação em que a imagem passou a importar mais que a educação”, disse um membro da ANAPRO, reforçando que medidas desse tipo desmotivam os profissionais e desviam a atenção dos reais desafios do sistema educativo.

O sindicato dos professores pediu a revogação imediata da suspensão e a reintegração de Reginaldo às suas atividades, sublinhando que, num país democrático, o estilo pessoal não deve ser critério de exclusão ou sanção.

Enquanto isso, a direção da escola ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. Fontes internas indicam que há divisões dentro da própria instituição sobre a forma como o caso foi conduzido.

O episódio reacende discussões sobre estereótipos e preconceitos no setor da educação em Moçambique, especialmente sobre o que se considera “aceitável” no aspeto de um educador. Muitos apelam a uma revisão de atitudes institucionalizadas que, sob a capa de disciplina, podem esconder práticas discriminatórias.

Reginaldo, por sua vez, mantém-se sereno, mas lamenta o ocorrido. “Sempre dei o meu melhor pela educação. Se meu cabelo é o problema, então não estão a olhar para o que realmente importa”, afirmou numa breve declaração.

A ANAPRO promete continuar a acompanhar o caso e recorrer às instâncias superiores, caso a suspensão não seja anulada. Para já, o professor segue afastado das aulas, enquanto a polémica continua a alimentar intensos debates sobre liberdade, imagem e profissionalismo.